sábado, 25 de setembro de 2010

Diabetes e Doença de Alzheimer

Prof. Dr. Ricardo Komatsu
CRM-SP 56.604

 

Anualmente temos 6 milhões de novas pessoas que passam a desenvolver diabetes melito, doença que atinge 250 milhões de pacientes no mundo.




Igualmente a prevalência de Doença de Alzheimer cresce de forma acelerada e estima-se que 35,6 milhões de pessoas no mundo tenham demência.




A prevalência da diabetes melito aumenta com o envelhecimento atingindo cerca de 15% das pessoas com 80 anos de idade ou mais. A tolerância à glicose declina progressivamente com a idade (resistência insulínica).




Dentre as manifestações sistêmicas da diabetes melito tais como retinopatia, nefropatia, cardiopatia, amputações, destacamos também o comprometimento do sistema nervoso consequente à desmielinização, degeneração axonal, distrofia neurítica, alterações glicêmicas, resistência insulínica e deposição de substância amilóide (corpora amylacea) perivascular encefálica.




A diabetes melito tipo 2 é um fator de risco para a demência, não somente a Doença de Pequenos Vasos (Demência Vascular), mas também para a Doença de Alzheimer uma vez que pesquisas sugerem que a insulina regula o metabolismo da proteína beta-amilóide diretamente implicada na Doença de Alzheimer (teoria da cascata amilóide) e a fosforilação da proteína Tau.




A hiperinsulinemia está associada à pontuação inferior no mini-exame do estado mental (MMSE), prejuízo da linguagem (fluência verbal) e aumento do risco para Doença de Alzheimer.




A resistência insulínica em neurônios associa-se ao aumento da enzima reguladora da fosforilação da glicogênio sintetase a glicogênio sintetase quinase 3 (GSK-3) e ao aumento da fosforilação da proteína Tau,contribuindo para a formação de emaranhados neurofibrilares, por outro lado a hiperinsulinemia relaciona-se à remoção anormal de proteína beta-amilóide contribuindo para a formação de placas senis.



Existem evidências de que o mecanismo vascular (inflamação crônica, disfunção endotelial e hipercoagulabilidade) seja importante fisiopatologia da Doença de Alzheimer.



Fatores de risco vasculares podem representar potencial alvo terapêutico para a Doença de Alzheimer.



Bibliografia:


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Sonnen, J.A. et al. Different patterns of cerebral injury in dementia with or without Diabetes.Arch. Neurol. 66(3):315-322, 2009.

Nelson, P.T. et al. Human cerebral neuropathology of type 2 Diabetes Mellitus.Biochim. Biophys Acta 1792 (5): 454-469, 2009.